Sou uma pessoa muito sensitiva. Sempre o fui, embora durante algum tempo da minha vida, esta minha "faculdade" se tenha diluído um pouco, como se tivesse adormecido.
Quando eu era teenager, em determinada altura, devia andar com esta minha capacidade em full power pois cheguei a um ponto em que as minhas amigas me faziam perguntas sobre certos assuntos e eu dava-lhes as respostas certas, que depois aconteciam mesmo.
Depois foi a altura dos sonhos premonitórios. Eu sonhava com aquilo que iria acontecer e acontecia. Ora eu que sou uma medricas de primeira com estas coisas, comecei a ter medo de sonhar e sempre que sonhava com algo preocupante, ficava super ansiosa até ter a certeza que o meu sonho não se cumpriria, que não passava apenas disso.
Entretanto comecei com a fase da "sensibilidade às energias" que cada pessoa emana. Dou-vos um exemplo: na pinguinolância, quando para lá entrei, assim que se entrava da porta para dentro, eu era invadida por um bem-estar inexplicável. Sentia-me bem, sem segurança, em conforto. e não era só eu que assim me sentia. No ano seguinte, comecei a sentir-me mal sem pre que lá entrava. Uma coisa esquisita, um mau-estar, um cansaço. Depois percebi porquê: a fonte que nos "contagiava" com a sua energia positiva tinha-se ido embora. Ela era uma Luz que cobria todos com a sua bondade e amor.
Com a sua partida, ficaram duas fontes de energia negativíssima, e por isso, começaram os conflitos agravados, o mau-estar entre todos. Eu tive a sorte de não estar lá todos os dias mas sei quem quem lá estava entrou em depressão. Como é possível ser-se tão mau quando se devia era praticar o bem? Nunca entendi.
Nesta escola onde estou, sempre me senti bem, sempre me senti em casa, sempre tive aquele sentimento de pertença. Mas este ano a coisa modificou-se. Não me sentia bem, a minha alegria característica não se manifestava e a única coisa que queria era fazer o meu trabalho e sair dali.
Descobri a causa: a "estrela". A sua aparência de "não parto um prato" esconde tanta coisa por trás...! E sem eu pedir, procurar ou indagar cairam-me uma série de informações no colo sobre ela. E o pior: confirmaram as minhas suspeitas.
Há sempre gente de duas caras e cuja energia é negativa. Nesta escola é esta "estrela" (que está reforçada por outra energia negativa). Ainda bem que não fui só eu que senti e que percebi isto. Confirmei que não era uma mera impressão minha e da qual falava apenas com o meu "Eu".
Recebi um email da direção da escola a dizer que quer falar comigo por causa da minha disciplina. Assim, a seco, sem cumprimentos ou assinatura. Isto foi o suficiente para me arrasar com os nervos e com o dia. E para me deixar a tremelicar até ao dia da conversa. Devem vir aí críticas sem nexo, coisas comezinhas que só ali se admitem. Sinto-me com o estomago embrulhado e como se tivesse lavado um soco.
Já alguém comeu? Parece um bocado estranho, não parece? Pois só vos digo que não é nada estranho e que, por acaso, aqui a amiga Pepper acabou de devorar comer um... E como é muito vossa amiguinha e gosta de repartir convosco estas delícias, fiz uma reportagem fotográfica da degustação do meu primeiro pastel de nata com chocolate...
Take a look!
Tentados?
Só se os descobrirem na pastelaria onde eu comprei...
Mas é que preciso mesmo de uns novos! Estes são todos cheios de não-me-toques, sensíveis até mais não, tudo lhes faz mal e não é qualquer sapato que aceita calçar!
Desde sábado que tenho os meus ricos pézinhos tão frágeizinhos. Depois da festarola de manhã e do arraial à noite (e não foi de dançar!) os desgraçados ficaram mesmo maltratados. Eu bem os pus de molho, hidratei e dei descanso mas eles ainda não estão em forma.
Hoje fui às compras de manhã e, com o caloraço que está (38º?!?), já voltaram ao mesmo.
Opá, quem me manda ter estes pézinhos delicados de princesa?
Sábado foi o dia da festa da escola, como tinha já dito. Correu tudo muito bem, os miúdos portaram-se lindamente e os pais (ao que parece) gostaram muito. Pra nós, que estamos por detrás deste trabalho todo, hoje foi um dia menos cansativo.
Já no fim da festa, uma das minhas alunas veio abraçar-se a mim. Nada de extraordinário até porque é costume os meus alunos virem abraçar-te e dar-me beijinhos e retribuir e vice-versa. Mas senti aquele abraço diferente. Perguntei à miúda se ela estava bem. Ela respondeu-me:
- Sabes, teacher, para o ano já não vou lá para a escola. - Confidenciou-me a olhar para o chão com um semblate muito triste.
Caiu-me tudo ao chão, apertou-se-me o coração e foi com a mesma intensidade deste aperto que enlacei a miúda nos meus braços e lhe dei muitos beijinhos.
- Mas isso é mesmo verdade? Tens a certeza? - Perguntei eu com um fiozinho ténue de esperança de que isto não fosse realmente verdade.
- Sim, vou para uma escola pública.
- Vais? Para aquela perto da nossa escola?
- Sim, essa. Sabes, é que a minha mãe não pode sustentar o pagamento desta escola. - E foi aqui que tive todas as certezas. Que compreendi o dilema e a tristeza da miúda, que compreendi o problema dos pais em aguentar uma despesa enorme da escola dos dois filhos - dela e do irmão que também lá está - e o provável desagrado dem os tirar de lá. Afinal este tinha sido o primeiro de frequência da minha escola. Depreendo que se o país não estivesse como está, o futuro dos miúdos seria bem diferente.
Voltei a abraçá-la e a dar-lhe mais beijinhos e disse-lhe o quanto gostava dela. Pedi-lhe para ela não ficar triste e, em jeito de consolo, disse-lhe que ela depois ia visitar-nos à escola como tantos outros colegas, que já de lá saíram, fazem. Não queria que a miúda se sentisse desanimada.
À noite houve arraial na escola e eu fui dar uma ajuda. Depois de todos comerem, beberem e dançarem, chegou a hora da despedida. Estava eu à conversa com duas colegas minhas quando outra me veio dizer que tinha uma aluna que queria falar comigo.
Era novamente a tal aluna. Vinha despedir-se de mim pela última vez. Novamente cabisbaixa, voz sumida. Voltei a abracá-la e a dar-lhe muitos beijinhos e nem a parede que nos separava se fez sentir. Disse-lhe que gostava muito dela mesmo que Às vezes me tivesse zangado com ela e que seria para sempre sua amiga. Dei-lhe o último beijo e abraço apertado. virámos costas uma à outra, eu com lágrimas a correr pela face e aposto que a miúda também.
Hoje é o último dia da semana e estou contente por isso. Vai ser um dia de trabalho extenuante pois vai ser dia de ensaios com as minhas turmas para, no fim do dia, estarem certinhos para fazerem o ensaio geral. Amanhã é a festa da escola.
Se por um lado me sinto feliz e contente - gosto de fazer estas coisas com os miúdos -, por outro sinto-me reticente. acabam-se as aulas, acaba-se o trabalho e a minha fonte de rendimentos. A partir deste momentos acabou-se o meu ordenado e só o voltarei a "ver" em Setembro. Nem quero pensar muito sobre o assunto para não me enervar e para não perder a esperança.
Para a semana é ir às finanças fechar a actividade, e depois ir pedir subsídio de desemprego à Segurança Social. Mas será que mo dão, que tenho direito? O que será que me vai acontecer? Pois...
É por este motivo e com muitas incertezas que termino esta semana com um sabor agridoce...
Deixa-me cá dar as boasvindas ao verão, para ver se o convenço a vir de vez.
Estamos todos à sua espera, ansiosamente. Queremos o seu calor (moderado), o seu sol, o seu cheiro e todas as coisas boas que ele nos proporciona.
Queremos andar com os dedos dos pés à solta, mostrar o nosso bronze, comer gelados até cair para o lado e beber bebidas fresquinhas ao fim da tarde a apreciar o mar.